sábado, 24 de agosto de 2024

sexta-feira, 23 de agosto de 2024



nestes últimos dias perdi-me das palavras
e vagueei pelas montanhas queimadas
pela vertigem dos dias.

organizei tudo no meu corpo
debaixo do silêncio…

na penumbra descubro a pele.

o peito aberto
é um lugar de sombra
cercado de ausência. 

é manhã
e eu desço da noite e dos seus sonhos



quarta-feira, 21 de agosto de 2024

 

o café está aberto . entro . à minha volta móveis acorrentados ao pensamento dos que antes de mim tiveram a mesma atitude, entraram . entre a porta e o balcão serpenteia um caminho de luz que a janela suja oferece . todos olharam, mas ninguém me viu entrar …
o espelho diz que é sábado.
pergunto-me porque entrei mas a resposta fica esbatida num café.
concluo apenas que o que não nos mata, torna-nos moribundos.



sábado, 17 de agosto de 2024


habito em mim,
no meu destino
e tudo existe…
 
sou o sonho,
a sombra,
o momento da ausência.

a minha pele espera a madrugada
fria,
a luz escura…

as árvores tornam-se invernos nus
e os poemas recordam o futuro

mas escrevo porque existir não chega...




quarta-feira, 14 de agosto de 2024



trago a maresia dos desejos
em barcos de palavras
que acostei no cais
da tua ausência





penso-te

e recolho os aromas
com que pincelas o poema
que deixei na terra molhada…

voa-me o olhar.

lá longe há cores na madrugada
e o meu corpo cola-se ao teu
em lençóis de linho vestidos à pressa

e digo apenas bom dia…



segunda-feira, 12 de agosto de 2024

S. Martinho de Anta 12 de Agosto de 1907
nascia Adolfo Correia da Rocha. 
em Coimbra nasceu para a medicina (aquela especialidade com nome difícil - otorrinolaringologista) e para as letras onde adoptou o nome de Miguel Torga...
torga essa raiz de urze bravia.
dele deixo aqui uma estória que vivi com ele na sua bonomia.
uma segunda feira apareci ao pé dele a coxear.
assim que me viu perguntou
- então moço, o que te aconteceu para estares a coxear?
respondi que tinha dado um jeito na caça (eu era caçador na altura)
- e apanhaste alguma coisa?
ao que lhe respondi que tinha regressado sem nada.
- para a próxima vens comigo. ontem foram mais 3 perdizes (sim ele era um caçador exímio).
lamentavelmente tal nunca aconteceu
mas sei que quem perdeu fui eu, teriam sido mais umas horas de boa conversa




sábado, 10 de agosto de 2024



olho as palavras
nos olhos abertos do medo
dos dias que nascem fora da janela.

a cidade esconde o sol a pôr-se.
há ruas de incerteza
e avenidas feitas de sussurros e
murmúrios
de pureza.
 
são dias longos de silêncio…




sábado, 3 de agosto de 2024



é noite

e eu colho a alquimia do sentir
que deixas no meu corpo
quando as veias se moldam
na loucura dos dias…

procuro o começo do teu corpo
o final do meu
a simbiose do
movimento indefinido.

se fosse tão simples tocar-te
ou simplesmente navegar-te
numa ondulação de beijos…




sexta-feira, 2 de agosto de 2024

toco a superfície das palavras.

olho o por-do-sol…
e espero o teu toque

a tua pele agasalha-me as noites.

aguardo-te
com a mesma saudade