quinta-feira, 23 de junho de 2022

era uma vez uma parideira.
a parideira foi dando à luz numa avidez desmedida
a prole foi sendo distribuída.
ficou uma.
a que ficou, foi avaliada em 400 euros.
3 anos e um preço que toca a mediocridade dos que permitiram a sua partida para lá de todas as longitudes.
e a parideira chorou.
mas a parideira não era mãe...

(uma história pequena carregada de fel contra quem não soube ser mãe)

segunda-feira, 20 de junho de 2022

 

passei o dia a sonhar-te pelos cantos porque todos os cantos da casa me fazem lembrar de ti.
sonho-te e sinto a tua falta.
espero-te.
tenho para te dizer palavras doces na serenidade do [quem sabe] irremediável.
sei que tenho o coração trespassado por lâminas que já não existem
mas os dias são repletos do sentir a tua falta.
sim. sinto

gosto de subir as tuas escadas



quinta-feira, 16 de junho de 2022

ardem as horas madrugada dentro e as minhas mãos combatem “o silêncio” debitando palavras que serão a história viva dos desencontros doridos dia após dia, mês após mês, ano após ano, que ficaram sempre por acontecer.
o som dos dire straits apazigua o sentir inflamado. you and your friend… nem de propósito.
a vida nem sempre é mais-que-perfeita. por vezes atrapalha…
o gostar é uma coisa assombrosa. um sussurro quase inaudível, até silencioso, uma respiração que percorre o peito.
arregaço as mangas e espero pela primavera, porque a primavera volta sempre...



segunda-feira, 13 de junho de 2022

 

hoje não cantei parabéns a ti…
também não fazias anos! mas podias fazer.
se fizesses eu cantava, encostava-me a ti e falava [conversava fica melhor, não acham?] contigo, comia uns salgados, bebericava um vinho e entusiasmava-me com o partir do bolo.
mas nada disto aconteceu hoje. talvez amanhã!
liberto destes pensamentos deambulo pelas esquinas feridas pelo vício…
o tempo corre e eu corro nele até que pare...
regresso a casa.
vou fazer café…
queres?

(gosto de nós)



sexta-feira, 10 de junho de 2022

 

acordo com a casa em silêncio e grito bom dia como se alguém me escutasse…
olho-me ao espelho, sento-me na cadeira que serve de cabide à minha roupa e espero que o tempo vá passando.
espreito à janela, a nudez das árvores aconchega-me o olhar e as memórias contam-me sentires de ontem, da semana passada, do mês passado… de anos.
esta noite queria coisas bonitas[boa noite serve]. só quero. eu quero. até poderia dizer só queria mas digo quero-te, porque é mesmo o que eu quero.



segunda-feira, 6 de junho de 2022

saberei eu escrever sobre nós?
roda o disco no prato. a agulha já conheceu melhores dias. mas mesmo assim, Lou Reed em Coney Island Baby continua a ser Lou Reed em Coney Island Baby…
sem lirismos bacocos, mas repleto de lembranças, deixo as mãos fazerem o poema.
e se um dia quiseres partir, deixa-me somente uma pista, que me faça encontrar-te todas as noites.