quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

 

entrego-me a um tempo que findou.
falo-me dos dias, das cores que amanhecem
em paisagens de palavras sem eco
e de silêncios anoitecidos na ausência…

deito-me nas madrugadas despidas
onde escondo sonhos de mil pedaços…

sou apenas uma sombra
que gosta de escutar a respiração dos dias.






quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

a vidraça permite a entrada dos primeiros raios de sol
o aroma do café acabado de fazer irrompe pelas divisões da casa.
levanto-me num repente.
na boca há um salivar abundante por aquele líquido negro.
a manhã seria um fardo impossível de carregar se não sorvesse em pequenos tragos a chávena que me espera na mesa da cozinha.
ao lado, uma fatia de pão, que já passou pela torradeira, espera um pouco de manteiga e depois desta derreter terá por companhia um pouco de geleia de marmelo…
é bom saborear a manhã…

e pode começar o dia.






domingo, 18 de fevereiro de 2024


paro . foram meia dúzia de passos esquecidos na rua de pedra irregular .  na parede do prédio azul as sombras espalmam as grilhetas do tempo . a noite escorre pelos beirados .
lentamente estico os dedos na procura da lua que se vê no horizonte . a lonjura desperta desejos colecionados em manhãs de silêncios .
dispo as palavras que marcaram os lapsos do meu olhar no teu corpo nu …
improviso um sorriso , um olhar , um medo de manhãs geladas …
amanhã talvez finja que os dias não sucedem às noites e estas aos dias.




sábado, 10 de fevereiro de 2024


dito palavras com o olhar
palavras que reinventei com sílabas perdidas no silêncio das manhãs

guardo a luz inocente
escrita a cada madrugada
com caligrafia aprendida nas ruas escondidas.

bebo os rumores ditos por lábios entreabertos
enquanto abro amanheceres que a noite escondeu.

guardo o nome do teu rosto
e vou dizendo-o sempre
que nos amamos
ao entardecer,
que jantamos
ao anoitecer
que acordamos
no amanhecer…

a noite deixa-nos sentires no regaço





sábado, 3 de fevereiro de 2024

 

há manhãs que se vestem de lavado e nos cobrem como um mortuário…
o lençol descobre-te o rosto, trazendo-te à vida.
e o silêncio desce imperativo, todas as palavras estão lá longe, acobardadas num Éden petrificado.
procuram-se caminhos que levem a um novo amanhecer