sábado, 30 de julho de 2022

 

tenho saudades da Casa Azul. saudades do sol a entrar pelas janelas, muito cedo, e a espalhar-se pelo chão de madeira cor de mel e pelos mosaicos vermelhos que revestiam o chão da cozinha. ainda era a hora do silêncio, da quietude, do sabor a uma leve neblina que já levantara…
tenho saudades das árvores que se espalhavam pelos três socalcos que compunham o quintal. a figueira, as laranjeiras os pessegueiros, a nespereira carregada de antiguidade… e a parreira de moscatel de Amsterdão a mexerem com o vento.
tenho saudades de tomar banho de mangueira no terraço e de apanhar as uvas da janela do meu quarto.
tenho saudades do entardecer e de cada um dos recantos da casa.
mas do que tenho mais saudade é do calor humano que brotava daquelas paredes carregadas de uma história ímpar dividida por várias gerações.
ainda bem que há saudades que não se perdem.





sábado, 16 de julho de 2022

 

a minha voz procura-te porque
gosto [sempre gostei] da tua beleza sensual e da tua inteligência, da forma como brilha o teu olhar, de conversar, de admirar-te e sentir na pele o arrepio, o desejo de querer-te e de te possuir.
depois…
depois a água quente no corpo e ficar

tenho saudades tuas…



segunda-feira, 11 de julho de 2022

a mala pronta a seguir viagem.  
vou partir sozinho. 
sei que mesmo distante escuto-te a voz. 
na retina os momentos por que passámos. das ruas por onde caminhámos ao anoitecer. 
ao alcance dos corpos o calor, o frio, o sexo...
o dia que termina. 
as luzes acendem-se com o cansaço. 
a despedida. 
a viagem. 
a vida.
a mala está pronta, 
vou partir e tu vais (sempre) comigo...



o tempo foge e nós nem damos por ele...
usamos a ilusão de fabricar a vida: histórias, partilha de sons, gestos, fantasias...
as estações passam e nós inventamos novas palavras e tocamos os dedos às escondidas - o amor - e há poesia
porque poesia também é amor





quarta-feira, 6 de julho de 2022



gosto de saber-te perto, de querer-te perto, de desejar-te perto. 
é bom imaginar-te a caminhar na rua a acariciares a cidade. tudo é tão teu. 
depois do teu caminhar e do meu imaginar-te chegamos juntos à cama e deitamos delicadamente os nossos corpos. 

os dias esquecidos inventa-os a memória 
mas respirar-te é saber-te na proximidade de nós