quarta-feira, 17 de abril de 2024



encosto-me aos espaços vazios…
olho o parágrafo inacabado que me paira
na memória.
penso nos teus lábios a largarem palavras
na minha boca e nos teus dedos a escreverem verbos
na minha pele…
olho-me
por dentro.
perco-me.

vou respirar-te…



domingo, 14 de abril de 2024

quarta-feira, 10 de abril de 2024

segunda-feira, 8 de abril de 2024

a noite dança-me no olhar.
bebo um chá e regresso à leitura que se amontoa no chão ao lado sofá.
ensaio uma letra e depois outra...
as frases passeiam pela minha mente. guardo as importantes…
e as horas cavalgam a madrugada
- gosto desta solidão literária -
as janelas mostram-me raios brilhantes mas indecisos…
e num repente avassalador o despertador rouba-me do colo onde me aconcheguei,
levanto os olhos do livro e interrogo-me sobre o que guardei desta leitura
afinal tudo é fantasia

depois de uma leitura da “Espuma dos Dias” de Boris Vian

 

 escrevo saudade com uma tinta que não se apaga




sábado, 6 de abril de 2024

bem que podias surpreender-me enquanto penduro o casaco na esquina da cidade





segunda-feira, 18 de março de 2024

 

procuro a tua ausência
nos espaços de silêncio...




desfraldo nomes
nas madrugadas de estio
e perco-me nos caminhos que foram da infância…

procuro a soleira da porta.
falta-me espaço
para as palavras que são sempre as mesmas.

o silêncio perde-se no monólogo

tenho pressa,
espera-me a seara rubra das papoilas






sábado, 16 de março de 2024

 

crescem murmúrios na noite.
o vento aguçado
corta a geometria das ruas
e castiga a violência da escuridão…

olho
e o meu olhar 
tem ainda as manhãs tímidas
que não vimos,
que não vivemos…

e se eu te falasse dos amores de verão!?

lá fora, uma luz pequena mostra-me o mar.
imenso.

escrevo palavras náufragas
e devoro-te os beijos
com que brindámos à liberdade




quinta-feira, 14 de março de 2024

enrolo-me na luz macilenta da manhã.
o silêncio paira no ar e a pele...
a pele ainda arde



sexta-feira, 8 de março de 2024

a palavra invade a sombra
e todo eu sou um cântico negro…


caminho na rua comprida
gritando respirares
que a voz cala
com um sorriso vazio.

refugio-me no interior do dia…
ontem,
hoje,
paro o tempo na pele
e o olhar nas tuas pupilas…


dispo o calor
que vive na ponta dos dedos
e escrevo a frio sobre a tua ausência


 a todas as mulheres

sexta-feira, 1 de março de 2024

quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

 

entrego-me a um tempo que findou.
falo-me dos dias, das cores que amanhecem
em paisagens de palavras sem eco
e de silêncios anoitecidos na ausência…

deito-me nas madrugadas despidas
onde escondo sonhos de mil pedaços…

sou apenas uma sombra
que gosta de escutar a respiração dos dias.






quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

a vidraça permite a entrada dos primeiros raios de sol
o aroma do café acabado de fazer irrompe pelas divisões da casa.
levanto-me num repente.
na boca há um salivar abundante por aquele líquido negro.
a manhã seria um fardo impossível de carregar se não sorvesse em pequenos tragos a chávena que me espera na mesa da cozinha.
ao lado, uma fatia de pão, que já passou pela torradeira, espera um pouco de manteiga e depois desta derreter terá por companhia um pouco de geleia de marmelo…
é bom saborear a manhã…

e pode começar o dia.






domingo, 18 de fevereiro de 2024


paro . foram meia dúzia de passos esquecidos na rua de pedra irregular .  na parede do prédio azul as sombras espalmam as grilhetas do tempo . a noite escorre pelos beirados .
lentamente estico os dedos na procura da lua que se vê no horizonte . a lonjura desperta desejos colecionados em manhãs de silêncios .
dispo as palavras que marcaram os lapsos do meu olhar no teu corpo nu …
improviso um sorriso , um olhar , um medo de manhãs geladas …
amanhã talvez finja que os dias não sucedem às noites e estas aos dias.




sábado, 10 de fevereiro de 2024


dito palavras com o olhar
palavras que reinventei com sílabas perdidas no silêncio das manhãs

guardo a luz inocente
escrita a cada madrugada
com caligrafia aprendida nas ruas escondidas.

bebo os rumores ditos por lábios entreabertos
enquanto abro amanheceres que a noite escondeu.

guardo o nome do teu rosto
e vou dizendo-o sempre
que nos amamos
ao entardecer,
que jantamos
ao anoitecer
que acordamos
no amanhecer…

a noite deixa-nos sentires no regaço





sábado, 3 de fevereiro de 2024

 

há manhãs que se vestem de lavado e nos cobrem como um mortuário…
o lençol descobre-te o rosto, trazendo-te à vida.
e o silêncio desce imperativo, todas as palavras estão lá longe, acobardadas num Éden petrificado.
procuram-se caminhos que levem a um novo amanhecer




segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

hoje dei comigo a pensar que gostava de mudar de profissão…
há sempre dias destes. dias em que a mente divaga e caminha mais rápido que a luz, que o som, que a vida.
e que profissão gostaria eu de ter a partir de agora?
pensei, voltei a pensar e…
gostava de ser catalogador de estados de espírito.





terça-feira, 16 de janeiro de 2024

 

o vento hoje não se cala
as árvores desdobram-se em movimentos bruscos.
acolho as palavras que debruaste a sorrisos e lanço-as sobre a tua pele…
queria olhar-te por dentro e beber todo o teu sentir…
estou a pensar escrever-te uma carta, eu sei que é algo que caiu em desuso, mas mesmo assim vou escrever-te uma carta longa, assim poderíamos recordar dias, horas, minutos, segundos até (sempre poucos para aquilo que desejamos eu sei), que deixaram sempre beijos em falta pendurados nos lábios.
regresso à janela.
o vento continua ondulante.
o olhar caminha lentamente em direção ao horizonte e este mostra-nos as suas transparências.
vou deitar-me… quero sonhar com arroz de míscaros...
até amanhã.




domingo, 14 de janeiro de 2024

 

a luz quebra
sobram-me os sonhos nas mãos e a memória dança nos gestos que acompanham as palavras escondidas no orvalho das manhãs de neblina.
dispo-te a nudez…
e fico confinado às tuas fotografias.
lembro-me do aroma do amor feito.
de peito a arder
espero o eco do dia.

demoro a encontrar-me.
há tanta mas tanta estrada




quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

que cheiro tem a tua ausência?
tem o cheiro do silêncio das palavras perdidas nas manhãs cinzentas e nas noites rasgadas pela negritude.
de mão na orelha procuro o eco da tua passagem nos dias que são os meus dias.
morre a noite.
nasce a manhã
e eu sentado na soleira procuro o som da tua imagem.