encosto-me aos espaços vazios…
olho o parágrafo inacabado que me paira
na memória.
penso nos teus lábios a largarem palavras
na minha boca e nos teus dedos a escreverem verbos
na minha pele…
olho-me
por dentro.
perco-me.
vou respirar-te…
a noite dança-me no olhar.
bebo um chá e regresso à leitura que se amontoa no chão ao lado sofá.
ensaio uma letra e depois outra...
as frases passeiam pela minha mente. guardo as importantes…
e as horas cavalgam a madrugada
- gosto desta solidão literária -
as janelas mostram-me raios brilhantes mas indecisos…
e num repente avassalador o despertador rouba-me do colo onde me aconcheguei,
levanto os olhos do livro e interrogo-me sobre o que guardei desta leitura
afinal tudo é fantasia
depois de uma leitura da “Espuma dos Dias” de Boris Vian