quinta-feira, 10 de março de 2016

a janela entreaberta deixava penetrar a luz da madrugada, uma luz ainda com escuridão, mas que era suficiente para deixar antever um corpo esbelto embrulhado nos lençóis.
ela ainda ocupava os braços de Morfeu...
respiração lenta.
a luz começava a aumentar de intensidade, sinal que a manhã estava a chegar.
o corpo ia ficando mais nítido, com as formas mais bem delineadas ao olhar.
já não era só o corpo, era também toda a envolvência.
a cama de madeira clara, a roupa de cama, o candeeiro, uns tapetes desbotados, uma carta no chão...
uma carta?!
será importante?
é manhã. a luz irradia...
os olhos têm sinais de choro, de muito choro.
apeteceu-me ler a carta. mas que diabo, eu sou só o narrador, que tenho eu a ver com a carta...
os raios de luz batem-lhe agora directamente no rosto e ela abandona os braços de Morfeu...
senta-se na cama, olha a carta e chora.
batem à porta...
- Luísa acorda, tens de te despachar, o teu pai está à tua espera...
- já vou mãe!
olhou de novo a carta, apetecia-lhe morrer ali e agora.
lavou o rosto com água tépida, vestiu-se, pegou na carta e desceu as escadas.
lançou um até logo e saiu para a rua sem dar tempo para perguntas.
na rua pegou na carta, amarrotou-a e lançou-a no caixote do lixo...
a vida estava ali à sua frente e ela queria mesmo aproveitá-la



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