domingo, 4 de dezembro de 2022

 

dou comigo a pensar sobre o acto de escrever…
importa escrever? e o quê? olho a folha em branco e espero que duas frases caiam nela por mero acaso, assim quando chegasses tinha algo novo para te ler [dizer] já que andamos tão parcos em palavras.
mas nem as palavras caem nem tu chegas.
há um silêncio devastador, ruidoso até, que me exaspera…
lá fora a chilreada dos pássaros guarda a entrada da noite.
continuas sem chegar e eu sem ter inspiração.
o cão ocupou o sofá e a televisão debita notícias tristes, alegres, tristes… num carrocel de palavras descontinuadas.
os carros continuam a passar na rua sem parar, sinal que não és tu…
caiu a primeira palavra em azul no papel branco: hoje
pego no telefone.
preciso de saber se vais chegar
cobardemente pouso-o no mesmo local sem ligar.
sento-me no sofá, incomodando o cão que tinha chegado primeiro. fecho os olhos…
continuas a faltar tu.




3 comentários:

  1. Gostei muito deste texto poético, ao qual intitularia: "Retalhos da vida de um escritor que pensa estar desinspirado">/>.

    Acha demasiado longo? E que tal: "Vem, Inspiração Minha!".
    Também não?
    E..."Retalhos da Vida de um Homem". Não?
    Pronto, fica "Só", como António Nobre. :)

    Bom domingo, Zaratustra!

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  2. Qualquer dos títulos sugeridos tinha lugar neste pequeno arremedo de prosa poética, mas como habitual, fica sem título...
    quanto à Janita fica com a minha gratidão pela leitura habitual das coisas que vou deixando por aqui

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    1. É com todo o gosto que passo e leio os seus belos textos.
      Embora comente nem sempre como eles merecem, agradeço as suas simpáticas palavras de apreço. 🙏
      Bom feriado.

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