segunda-feira, 29 de julho de 2024



hoje tenho palavras comidas
à boca do tempo,
palavras a querer ser poema
escritas para calar os silêncios da ausência.

um dia,
nas manhãs submersas,
quando puder olhar-te por muito tempo
vou dizer-te
é a pele que serve de céu ao coração.




sábado, 27 de julho de 2024

hoje a Estória navega por "outros mares"... 
são os "mares" de uma editora de quem gosto muito: a Tradisom.
José Moças tem feito um trabalho excelente e criterioso nos trabalhos que edita.
este é especial, tem por título Os Primeiros Anos – A correspondência José Afonso / Rocha Pato (1962/1970), por Octávio Ribeiro.
este livro vem reconstruir a história dos primeiros anos da carreira de José Afonso, contada com a ajuda das cartas e dos postais que enviou para Rocha Pato, duas das quais dirigidas a Rui Pato. Fica claro nessa correspondência que a renovação da música popular portuguesa foi levada a cabo por uma equipa-trio que se complementou na perfeição nos papéis específicos de cada um: um autor-cantor, um guitarrista-arranjador e um agente-faz-tudo.
e se isto já era mais que suficiente para despertar a minha atenção, eis que me deparo com uma introdução feita pelo Prof. Abílio Hernandez que foi durante muitos anos diretor do Teatro Académico de Gil Vicente em Coimbra e logo nas primeiras páginas com nomes como Felisberto Lemos um livreiro de excelência que afrontou a ditadura arranjando livros proibidos que entregava envoltos em folhas de papel pardo. 
aliás a minha ligação aos livros tem o nome de Joaquim Machado, fundador da Livraria Almedina, mas também de Felisberto Lemos enquanto livreiro na Livraria Atlântida Editora (onde terminou os seus dias de livreiro).
e depois de Felisberto Lemos, aparece a tertúlia do café Brasileira, onde pontuava Torga, Paulo Quintela entre outros.
nesta eu não tinha "cabidela". 
era o que se chamava um puto imberbe.
comecei a ter assento mais tarde numa outra e já mais no café Arcádia que era ao lado da Brasileira onde tinham assento Miguel Torga e Fernando Valle.
cada conversa era um privilégio
tanto ensinamento bebi eu nas palavras deles.
para além destas recordações, assomam-me ainda à memória a Clepsidra (hoje já não existe) junto às Escadas Monumentais e a própria imagem de José Afonso a almoçar no snack-bar Safari que se situava na Avenida dos Combatentes (na época em que andava em tratamentos na clínica do Dr. Montezuma de Carvalho) e onde eu também costumava almoçar.
curiosamente ainda à pouco tempo recordei este tempo do José Afonso com o seu sobrinho João Afonso.
a vida é mesmo curiosa...






domingo, 21 de julho de 2024



noites.

e o meu corpo sem ti…
o silêncio rouba o sono das madrugadas

recorto as silhuetas
perdidas na cidade
e provo o gosto solitário do orvalho…




quinta-feira, 18 de julho de 2024

hoje vou ser diferente,
não conto aqui as minhas estórias... antes deixo as palavras de Dulce Maria Cardoso, a escritora de que se gosta, a escritora que se lê e relê.
ao contrário do autor deste podcast os meus livros de Dulce são Tudo são histórias de amor e Os meus sentimentos.
o primeiro, para além da excelência da escrita da Dulce Maria Cardoso, tem o acrescento muito importante da ofertante.
claro que gosto de Eliete de Retorno e de O chão dos pardais.
o próximo será Autobiografia Não Autorizada de Dulce Maria Cardoso
pois bem aqui ficam as palavras n' A beleza as pequenas coisas.
a parte I e a parte II

e vale tanto a pena

quarta-feira, 17 de julho de 2024

é noite
o silêncio escorre pelas paredes
e os dedos escrevem palavras
de uma primavera futura.



 

domingo, 14 de julho de 2024

tenho em mim

o rasto do teu corpo.


destapo o peito.


as palavras pesam-me

no silêncio 

do quarto vazio

e na mudez das sombras,

mas abraço-te

com o olhar

bebendo o teu 

riso melancólico

e o som incompleto da tua pele…


está longe o começo da noite






segunda-feira, 8 de julho de 2024

 e porque o estoriador vai uns dias (poucos) laurear a pevide deixa aqui um pensamento:


um dia a noite vai ensinar-me
a escrever poesia no teu corpo...

e porque quem deixa um, deixa dois

há vozes a passear pelos arredores da pele






terça-feira, 2 de julho de 2024

o orvalho matutino penetra a nossa pele . aguardamos os primeiros raios de sol que irão resplandecer no vermelho das papoilas e no amarelo dos malmequeres silvestres que envolvem os nossos corpos nus.
olho-te no brilho do sorriso que me ofereces e deixo que a noite se recoste no colo que foi meu ao som das estrelas.