com as mãos nuas
lavro o teu corpo...
amanhece.
há olhares
cúmplices
no escuro das palavras.
na luz tépida olho os gestos
entre a pele e a voz.
contorno-te no interior das palavras
e em cada linha caminho apressado
por entre as luzes escondidas.
conto os passos.
o sonho tem silêncios repetidos
e sílabas perdidas na memória…
as sombras encobrem os corpos.
caem as fronteiras
e há suores perdidos
na simplicidade dos quereres
sinto próxima a chuva.
há um cheiro a terra que se espalha
dizendo fim ao Verão.
saudades da Primavera
e do silêncio das flores…
fazem-me falta os dias
em que as mãos se encontram
e amam.
fazem-me falta os dias
em que a poesia se passeia nos olhares
e os poetas são felizes
escrevendo sobre o amor.
escuto o som das horas.
meio-dia.
há sol espalhado pelas searas.