Paulo vivia num pequeno prédio mesmo no meio do reboliço
citadino.
os dias eram passados quase sempre em casa, mergulhado na sua escrita, nos seus
livros, nos seus discos… era o seu pequeno mundo.
a corrida pela sala montado num cavalo de pau enquanto ministrava uma aula de
história a alunos do 5.º ano, já tinha abalado o conselho diretivo da escola.
mas o que abalou as estruturas foi mesmo a sua meia nudez partilhada numa aula de
geografia dada a uma turma do 9.º ano.
depois de uma visita a uma junta médica recebeu o carimbo de aposentado.
era magro o cheque que recebia pontualmente ao dia 19 de cada mês
pagava a renda, comprava dois livros e a alimentação já não era com abundância.
Paulo gostava de alimentar o conhecimento.
nunca consegui perceber se Paulo tinha “virado a boneca” ou se tudo não foi o
concretizar de um desejo de quietude no seu mundo.
talvez nunca venha a saber… mas que importa,
Paulo era feliz
Com a leitura deste texto, o meu lado prosaico eliminou qualquer resquício de lirismo que em mim houvesse.
ResponderEliminar1º - O Paulo devia ser completamento tarado- ministrar uma aula de História a galopar num cavalo de pau? - isso abala qualquer estrutura mental de um miúdo de onze anos.
2º - Estou completamente a leste do significado dessa coisa do homem ter 'virado boneca'. Que raio quer isso dizer? Virar 'veado' como dizem os nossos irmãos, não deve ser, ou é?
De qualquer modo, mesmo sendo pura ficção saída da mente prodigiosa do Zaratustra, está aqui uma teia bem urdida, sim senhor!
Parabéns!
E eu, ainda me esqueci de mencionar a nudez do Paulo na aula aos rapazes do 9º ano. Isso requeria logo um colete de forças...
EliminarBom dia Janita
ResponderEliminarprimeiro: o Paulo não virou boneca, "virou a boneca" e o "a" faz toda a diferença, trata-se de uma expressão que significa ter perdido a cabeça.
Quanto à nudez, vou mudar para meia nudez e substituir alunos por turma para não adulterar as mentes.
Isto é uma história simples, mas talvez com conteúdo face aos dias de hoje, em que um professor prefere ter o rótulo de louco do que continuar na profissão e não me refiro à questão do tempo de serviço, nem do ordenado.
Refiro-me à insubordinação diária a que estão sujeitos.
Ok, não se zangue, Zaratustra.
EliminarFiquei esclarecida quanto ao Paulo ter 'virado a boneca', como sinónimo de 'perder a cabeça'. É que nunca tinha ouvido essa expressão. E de facto, não é para menos.
Os miúdos, cada vez mais mimados, irresponsáveis e agressivos, como aquele que 'reagiu' mal ao facto do professor o ter repreendido por ele ter baixado as calças a um colega, numa situação fragilizada, deu-lhe com uma barra de ferro na cabeça. Apesar de ser menor, foi julgado e condenado a prisão domiciliária com pulseira electrónica. Uma casa de correção é que ele precisava.
Bom fim-de-semana.
PS- A falar nos entendemos, não é verdade?